O que fazer se meu marido é homossexual?

Desculpe-me pela demora em responder, mas não se trata de um assunto fácil. Depois de pensar muito conclui que é preciso entender os dois lados da questão de modos distintos. Do lado dele, essa é uma questão que ele deverá tratar com o Senhor. Neste caso vale para ele o que escrevi sobre o homossexualismo neste e nos outros volumes de "O que respondi".

Mas esse não é um problema seu. O seu problema é que seu marido está tendo relações extraconjugais, independente do tipo de relações. Que ele está pecando pelo tipo de relações que está tendo, a Palavra de Deus não deixa dúvidas quanto a isso, e que está pecando também por traí-la qualquer um irá concordar com isso. Mas no que diz respeito a você, continuar nessa relação torna você impura. O divórcio é algo que não agrada a Deus, e Malaquias 2:16 diz "Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel", portanto trata-se de uma decisão extrema.

Vamos ver o que a Palavra de Deus diz a respeito:

(Mt 5:32) — "Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério".

(Mt 19:9) — "Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério".

Obs.: Li um comentário que a palavra original para "prostituição" ou "fornicação" nestas passagens abrange qualquer tipo de imoralidade sexual. Por essas passagens entendo que a infidelidade que envolve imoralidade sexual é motivo suficiente para o divórcio. Há outra situação em Coríntios:

(1 Co 7:10-15) "Todavia, aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher. Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe. E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe.... Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não esta sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz."

Isso mostra que devemos a todo custo evitar qualquer separação, entendendo que não existe aqui fornicação envolvida, mas mesmo assim a separação pode acontecer por algum outro motivo e, se acontecer, não deve ocorrer um novo casamento. Há também o caso do cônjuge descrente que se separa, o que não é uma decisão do cônjuge crente, já que não há como segurar alguém que não quer ficar.

Mas em qualquer caso, seja ele envolvendo imoralidade ou não, devemos entender que nosso Deus é um Deus de reconciliação e, quando existem arrependimento e abandono do pecado, deve existir a possibilidade de reconciliação.

Efésios 4:32 diz: "Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo". Isso envolve adultério ou qualquer forma de pecado ou imoralidade, pois não houve pecado grande ou pequeno que Deus não fosse capaz de nos perdoar em Cristo. Todos nós fomos a Cristo com algum tipo de pecado e ele nos salvou. Todos nós estamos sujeitos a cair, mas ele está pronto a operar em nós o arrependimento e nos restaurar:

(1 Co 6:10-11) "Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus".

Apenas isso já bastaria para você ter uma visão bíblica do caminho a seguir, mas existe também algo mais, que é a questão da contaminação. No Antigo Testamento há várias figuras, em especial sobre a lepra, animais mortos, alimentos impuros, etc., que mostram o princípio da contaminação e da separação do mal. Alguém que entrasse em contato com coisas impuras se tornaria impuro, porém um impuro que tivesse contato com coisas santas não ficaria com isso santo. É sempre a degradação que ocorre.

(Ag 2:11-13) "Assim diz o Senhor dos Exércitos: Pergunta agora aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo: Se alguém leva carne santa na orla das suas vestes, e com ela tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em outro qualquer mantimento, porventura ficará isto santificado? E os sacerdotes responderam: Não. E disse Ageu: Se alguém que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? E os sacerdotes responderam, dizendo: Ficará imunda".

Este é o mesmo princípio do qual Paulo fala em 1 Coríntios, quando é descoberto que havia um irmão em comunhão na igreja de Corinto, o qual praticava imoralidade. A sentença é que ele seja colocado fora da comunhão com os irmãos e com ele evite-se até mesmo comer junto.

(1 Co 5) "Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem abuse da mulher de seu pai... Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?... Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem... Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais".

Em 2 Coríntios 7 nos dá a entender que, apesar da dureza do tratamento exigido pela primeira carta, isso foi de bênção para os cristãos daquele lugar. É provável que o homem tenha se arrependido e novamente recebido à comunhão, porque é esse o objetivo de qualquer medida disciplinar: a restauração.

Veja que a associação com alguém que se diz irmão e vive em pecado se torna mais grave, pois de uma situação assim é exigido um cuidado que não é exigido nem mesmo no convívio com incrédulos. Porém, como já disse, Deus abomina o pecado e ama o pecador, e devemos fazer o mesmo. O primeiro passo é evitar qualquer contato físico com a pessoa que está vivendo em imoralidade sexual. Depois é preciso que haja uma separação de convívio ou comunhão, para que você não acabe cúmplice ou conivente com o pecado.

Quando a pessoa que está pecando confessa ser cristão e está em comunhão com outros irmãos, é preciso fazer algo a respeito disso porque aí o testemunho de Deus é denegrido. Um incrédulo que saiba da vida imoral que uma pessoa que se diz crente leva, certamente acreditará que isso é natural entre os cristãos, já que essa pessoa continua sendo bem recebida pelos irmãos.

Finalmente, nada disse se faz sem oração e humilhação na presença do Senhor.


O dilúvio da Bíblia foi copiado de lendas de outros povos?

Os fatos apresentados nesse tipo de explicação podem ser vistos de dois ângulos. Você pode, por exemplo, dizer que o dilúvio foi copiado de antigas lendas pagãs (há muitas sobre o dilúvio), ou acreditar que não eram lendas, mas um conhecimento do dilúvio que acabou misturado com sua cultura. O mesmo sobre o Sol e a menção que a Bíblia faz dele em relação a Cristo, como o "Sol de Justiça", por exemplo. Será que o cristianismo copiou do paganismo a noção de Jesus/Sol ou esse era um conhecimento real e dado por Deus que acabou se mesclando com sua cultura?

O mesmo você pode dizer da ressurreição, do sacrifício vicário, da santa ceia e de tantos outros aspectos do cristianismo que possuem um correspondente no paganismo. O fato de algo ter um correspondente no paganismo não quer dizer necessariamente que o correspondente pagão tenha sido o que surgiu primeiro. Como no caso do dilúvio, primeiro veio o conhecimento divino dado a Noé, e depois as lendas pagãs. O mesmo se pode dizer do monoteísmo. Há religiões pagãs monoteístas, como uma que dominou o Egito em um determinado tempo, ou outra instituída por um rei Inca em sua época. Teria o judaísmo ou cristianismo monoteísta ido buscar a ideia nesses povos ou seria o contrário?

Vários povos antigos tinham a noção de um salvador que viria do céu, e alguns alegam que os Maias tenham se deixado dominar pelos espanhóis por considerarem aqueles homens enormes (nos primeiros encontros eles não entendiam que o cavalo não fazia parte do homem) como o salvador anunciado. Será que o messianismo judaico-cristão emprestou desses povos antigos a ideia de um Messias ou foi o contrário, isto é, esses povos em algum momento do passado tiveram contato com a revelação divina de um Messias e acabaram incorporando isso em suas culturas?

Um excelente livro sobre o assunto é "O Fator Melquisedeque" ("Eternity in Their Hearts"), de Don Richardson, um missionário que encontrou vários exemplos de paralelos cristãos em povos indígenas de todo o mundo. Sua tese é que Deus preparou os homens para as suas verdades e que esse preparo acabou incorporado às suas culturas, de forma que não achassem estranho quando alguém lhes falasse de um dilúvio universal, de um Messias, um Salvador, um sacrifício substitutivo, etc.

O próprio Don Richardson viveu em uma tribo da Nova Guiné onde a porta para a aceitação do evangelho foi o conceito que tinham do "Totem da Paz", ou seja, quando uma tribo queria ter paz com outra, entregava um de seus filhos, uma criança, que precisava ser criada pela outra tribo. Enquanto a criança vivesse, elas não poderiam guerrear. Quando o missionário disse aos indígenas que Deus entregou o seu filho para fazer a paz conosco, e como o Filho está hoje ressuscitado e não morre mais, é possível ter paz com Deus eternamente, tiveram início as conversões.

Veja um trecho de uma apresentação do livro "Totem da Paz":

Deus preparou o mundo para o Evangelho.

Uma vez por ano, os artesãos de uma tribo da Indonésia constroem um barco de madeira em miniatura e o levam à beira do rio. O chefe religioso da tribo amarra uma galinha num lado do barquinho e coloca uma lanterna acesa no outro lado. Logo em seguida, cada membro da tribo passa perto do barquinho e coloca um objeto invisível entre a galinha e a lanterna.

Quando se pergunta às pessoas o que deixaram no barquinho, elas respondem: meu pecado. Depois, o chefe deixa o barquinho ser levado pela correnteza do rio, enquanto os expectadores gritam: Estamos salvos! Embora esta cerimônia religiosa não salve ninguém do seu pecado, Don Richardson a vê como exemplo de uma ponte para o conhecimento do Evangelho.

Neste livro, Richardson conta mais 25 histórias fascinantes, que mostram a semente do Evangelho deixada por Deus em cada cultura do mundo. Ele chama este tipo de Revelação Geral de Deus "O Fator Melquisedeque", usando o nome do sacerdote a quem Abraão prestou homenagem no Livro de Gênesis.

Este livro mudará as ideias de muitos cristãos sobre os povos pagãos e sobre a soberania de Deus.


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